UM CLIQUE E DOZE REVELAÇÕES - Ricardo Japur

 

 

1. Por favor se apresente. 

Sou Ricardo Japur , nascido em 69, carioca, cirurgião, casado, pai de duas meninas: Tuta e Cacá. A fotografia sempre fez parte de minha vida através das viagens e passeios de família. Em 86, por instinto, me deitei no chão para fazer uma foto das torres gêmeas do World Trade Center em Nova York. Essa imagem faz sucesso até hoje, seu valor aumenta na medida em que não pode mais ser reproduzida. Mais tarde em 2008, numa viagem a Paris, registrei a cidade com uma câmera digital simples e o resultado foi muito convincente. A partir daí comecei a fotografar paisagens urbanas, naturais, momentos em família e aves. 

2) Você pode descrever essa imagem em apenas uma frase?

Essa imagem talvez possa ser apresentada por apenas uma palavra: socorro. Mas não sou fã de legendas pois elas dirigem o pensamento. A conclusão deve ser do observador. 

3) Esse é o seu estilo ou você gosta de outros assuntos para fotografar?

Sempre me encantou o estilo streetshot, criado na França por Henry Cartier Bresson e seus colegas da agência Magnum de fotografia. Tratava-se de um grupo de fotojornalistas que passou a enxergar e registrar o mundo de forma diferente, reverenciando o ¨momento decisivo¨. Esse termo foi cunhado para expressar o que seria uma fotografia de rua com algo a mais: o bizarro, o anedótico, o inesperado, a coincidência, o ridículo, o paradoxal, a quebra dos padrões. O cotidiano desinteressante passou então a ser o centro das atenções. Tenho um trabalho paralelo a este com o registro de aves. Há uma função nobre em arquivar a fauna pois ela está ameaçada. Em 50 ou 100 anos estas imagens terão grande importância histórica pois muitas espécies já estarão extintas. 

 

4) Por que você selecionou essa foto para nos mostrar?

Esta foto tem significado para mim pois mostra um babuíno africano enjaulado, que vê com única opção, estender a mão e pedir. um observador inteligente já me disse que ele "não entende porque está preso e pede a chave ao carcereiro". Na verdade o zoológico vende uns pacotes de amendoins que são oferecidos aos macacos através de uma rampa de madeira. Este indivíduo aprendeu que evitando a rampa, evitava também a concorrência. Na imagem, deixei de fora o restante do corpo, a face, os outro macacos, os visitantes e a rampa. Fotografia é o que se mostra e o que se deixa de mostrar. 

 

5) Quando e onde essa foto foi feita?

Esta foto foi feita no zoológico de Buenos Aires em 2012. 

 

6) Que equipamento você usou para essa foto?

Canon 5D MII e uma lente 28-135 @ 135mm .

 

7) Qual foi sua principal motivação para fazer essa foto?

O momento decisivo é a verdadeira motivação do fotógrafo de streetshot. É uma cena interessante que dura poucos instantes e se perde para sempre. 

 

8) Você editou essa foto? Fale algo sobre isso.

Essa foto foi passada para o P&B pois essa é a linguagem tradicional do streetshot. Esse tratamento torna a imagem mais atemporal. As cores poderiam desviar a atenção do assunto principal que é o que realmente interessa aqui. 

 

9) Você aprendeu algo no processo de fazer, editar e compartilhar essa foto?

O prazer de compartilhar a foto e deixar para o espectador criar sua própria história me motivaram a escolhê-la para ilustrar a entrevista.

10) O que você gostaria que as pessoas vissem nessa foto além do que ela nos mostra?

A foto deixa margem à interpretação. Alguns podem achar graça, outros, desgraça. O interessante é o livre exercício da compreensão.

 

11) Você gostaria de receber algum feedback sobre esse seu trabalho?

SIm. É de grande importância o feedback, tanto de pessoas que conhecem a linguagem fotográfica quanto de observadores comuns. A fotografia é apenas um veículo de comunicação. A mensagem é passada pelo autor mas enxergada de diferentes formas. Espero pelos comentários!

 

12) Onde as pessoas podem ver mais do seu trabalho fotográfico?

As imagens fotográficas estiveram destinadas a uma gaveta, um livro ou uma parede por um longo período. Com o surgimento do digital passaram a ficar encarceradas em pendrives ou nuvens inacessíveis na maioria dos casos. As redes sociais trouxeram a oportunidade de compartilhá-las. Minhas contas no Instagram: ricardo_japur e ricardorozojapur  trazem propostas diferentes: a primeira na observação de aves e a segunda na fotografia cotidiana, viagens, retratos e lembranças em P&B.