1 FOTÓGRAFO, 12 REVELAÇÕES - Edison San
Composição, documentação e subjetividade na fotografia
Quando um pintor, um escritor, um músico ou qualquer pessoa que cria algo entra em processo de composição, talvez o desafio não seja a tela em branco, mas, sim, a difícil tarefa de fazer a seleção do tema. Qual será o trecho, o recorte, o ponto de vista... por onde iniciar a abordagem? Talvez a tela não esteja em branco, mas totalmente preenchida por cores e ideias; talvez haja um universo pedindo para vir à existência e a tarefa de quem compõe seja captar, selecionar e organizar uma parte daquilo.
Um fotógrafo compondo uma cena passa pelo mesmo dilema. Que enquadramento fazer, que ângulo, recorte ou personagem melhor contam a história, quais elementos em conjunto formam essa representação, qual é o ícone?
Há técnicas básicas na fotografia que ajudam nesse processo de composição, por exemplo, conhecer os enquadramentos e aplicá-los é a solução para uma grande parte dos problemas, especialmente quando falta criatividade, tendo em vista que, para ser fotógrafo, não é obrigatório ser um artista. Sem querer aprofundar a questão, também é importante citar que nem toda fotografia precisa ser enxergada como arte. Ao chegar em um evento, o fotógrafo não precisa ser um artista para fotografar; basta fazer a fotometria adequada e aplicar os enquadramentos para conseguir a documentação do acontecimento.
No entanto, a fotografia tem caráter documental e artístico. Felizes são os fotógrafos que conseguem documentar ao mesmo tempo em que narram, com beleza, um acontecimento, realizando, assim, a poiesis; aplicam teoria, prática, sensibilidade e subjetividade revelando e trazendo à existência uma cena, fazendo poesia na fotografia. Os grandes fotojornalistas do século XX, a saber Gordon Parks, Robert Capa e Sebastião Salgado tornaram-se os ícones dessa arte; porém, precisaríamos de um artigo inteiro para falar deles e um século de discussões sobre o que é arte ou não...
Nesta série, apresento fotografias de eventos e de fotojornalismo. Selecionei imagens desses dois segmentos, que têm em comum o grande volume de interações acontecendo ao mesmo tempo e, também, o imponderável desses tipos de atividades. O fotógrafo precisa estar preparado para registrar o instante decisivo e, ao mesmo tempo, construir composições que expressem a história do evento.
Nessa construção, é preciso perceber, com agilidade, quais são os personagens, a simbologia e os ícones, pois não haverá uma segunda chance para o registro.
Ao fotografar eventos culturais e sociais, há como se fazer um roteiro; há cenas já esperadas, como o 'sim' dos noivos, o palestrante principal, o brinde, a saudação final dos artistas; mas mesmo nesses ambientes mais controlados, são necessárias atenção e conexão com o acontecimento para a captura das imagens mais representativas.
Pensando em fotojornalismo, não há um roteiro e, por mais que o fotógrafo tenha como meta apenas documentar, o seu posicionamento crítico ficará expresso através dos seus recortes e enquadramentos.
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