NUDEZ NÃO É PORNOGRAFIA
O que faz uma imagem de nudez parecer vulnerável em vez de reveladora? A diferença nem sempre é óbvia, mas é fundamental.
Na arte figurativa, a nudez não se resume a expor um corpo; ela se propõe a revelar uma presença. A vulnerabilidade na arte não é definida pela quantidade de pele visível, mas pela forma como a imagem nos convida a testemunhar algo genuíno, humano e desprotegido. A inclinação de uma cabeça, a suavidade de um olhar ou a tensão sutil de um membro sugerem que estamos vendo não apenas uma figura, mas a pessoa por trás dela.
A objetificação, por outro lado, anula essa presença. Ela transforma o corpo em um objeto — algo para ser consumido, controlado ou possuído. A essência humana desaparece por trás de um apelo superficial, e a dignidade do indivíduo se perde.
A melhor arte figurativa resiste a esse apagamento. Ela reafirma a dignidade e nos lembra que a nudez é um estado de ser, e não algo inerentemente provocativo ou passivo. Quando um artista consegue capturar o corpo sem despir a essência do ser, algo poderoso emerge: a obra deixa de falar sobre o sujeito para dialogar com ele. A intenção não é despir para ver a pele, mas sim remover as distrações para enxergar a humanidade que reside no interior.
Em última análise, a arte que nos impacta é aquela que nos conecta. A vulnerabilidade de uma imagem de nudez reside na capacidade do artista de nos mostrar não apenas como é um corpo, mas como é sentir-se nele. É a empatia que atravessa a tela, convidando o observador a se despir de seus próprios preconceitos e a reconhecer uma alma, não apenas uma forma.
Temos uma dificuldade de encarar a nudez... A forma de incutir na opinião pública o sentimento de proibição de restrição de dar sempre conotação sexual cria uma barreira "quimerica". Como dizia Raul Seixas... "Falta cultura para cuspir na estrutura!" Viva a arte, sem barreiras ou preconceitos.
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